terça-feira, 3 de maio de 2016

UFF “Debate” Brasil – Debate entre aspas...

Na quarta-feira (27/04/2016) o Movimento UFF Livre compareceu ao evento Midiatização da Crise – O colapso ético da política.

Todos os presentes, inclusive nós, já sabíamos o que esperar desse tipo de evento: mera propaganda da esquerda para propagar suas ideias e principalmente seu mais recente slogan  (Não vai ter golpe), diante do iminente impedimento da Presidente Dilma Roussef.


 
Imagem de divulgação do Evento no facebook.
Apesar do histórico de militância dos palestrantes, (afinal, não podemos chamar o que acontece no UFF Debate Brasil de debate), fomos lá conferir a palestra. O discurso é único, falado em tons poucos diferentes, abordando aspectos quase que idênticos culminando sempre na mesma visão política. Não há discordância, o que seria essencial para formação de indivíduos pensantes. Sem o embate de ideias saem das universidades somente repetidores de clichês e de frases feitas.
A palestra começou pelo Professor Adriano Freixo que trata as pedaladas fiscais como uma mera questão de narrativa de esquerda x direita. Pra ele vale tudo para se criar uma visão favorável a esquerda, pouco se discutiu o motivo da descaracterização do CRIME DE RESPONSABILIDADE cometido pela presidente. Pra esquerda ainda se trata de golpe, mesmo que a própria presidente em discurso na ONU, tendo toda a oportunidade de denunciar esse suposto atentado a democracia e a constituição, recuou e disse apenas que o Brasil vive atualmente um "grave momento", com uma sociedade que construiu uma "pujante democracia" e que o povo saberá "impedir quaisquer retrocessos".

Logo após, a palavra foi passada a Ivana Bentes, funcionária do Ministério da Cultura e secretária de de Cidadania e Diversidade Cultural.

Ivana é conhecida por já ter feito críticas ao governo da presidente (antes de assumir a secretaria)
como: “O Projeto nacional-desenvolvimentista, fordista,a Presidente Dilma, investe em automóvel, hidrelétrica, petróleo, passando por cima da sua maior riqueza que é seu patrimônio cultural, ferindo direitos e destruindo o meio-ambiente.”

Filiada ao PT, Ivana é do time do: “Ruim com Dilma, pior sem Dilma.”
Mas isso nem é o mais chocante. Além de ter apresentado slides primários e tendenciosos que qualquer pesquisa no google desmontaria, Ivana tem no seu hall de declarações o seguinte posicionamento: “Anunciar um ‘pacotão anti-corrupção’ é responder ao conservadorismo moralista e não às questões que importam. Não adianta responder pela direita, com bondades desse tipo! Assim fica difícil! A presidenta vai desagradar a todos, nessa linha.”
Ou seja, para Ivana, ser anti-corrupção, tratar com respeito o dinheiro dos outros é ser conservador.
Nada mal para alguém que enalteceu as ações dos black blocs nas manifestações de 2013.
Em 2013 Ivana acreditava que: “Governo é que nem feijão, só funciona com pressão.” , a mesma lógica não se repete para os protestos pós reeleição da presidente que foram deslegitimados a todo tempo, sendo chamado de os protestos da direita,classe média e etc...”
De resto, sua apresentação tratou-se em exaltar os protestos de 2013 e desmerecer os protestos pró-impeachment, traçando alguns paralelos que mais buscam encaixar a realidade na sua visão de mundo do que parametrizar a sua visão de mundo com a realidade.

A grande surpresa da noite foi o Doutor Gilásio Cerqueira Filho, num tom de fala monótono e que algumas pessoas DORMIRAM durante a palestra. O mesmo entrou numa perspectiva conspiracionista nos alardeanco que os Estados Unidos financiaram e continuam financiando golpes “midiáticos/políticos/econômicos” em países latinos para atender a interesses do grande capital.

Através do Doutor Professor Gilásio ficamos sabendo que Donald Trump (acredito que tenha confundido com Turner, dono de várias redes de TV e um grande filantropo) quer ganhar a concessão de TV da Rede Globo que se encerra em 2018 e obter o monopólio de comunicação no País. Ou seja, as Organizações Globo, que recebem 70% das verbas de publicidade do governo e que recebeu quase 20 bilhões durante o governo PT, querem derrubar o governo com medo de perder a concessão pois já teria combinado a prorrogação do contrato com a oposição. Qualquer pesquisa rápida no Google mostra que a concessão da TV Globo foi prorrogada em 2007 por 15 anos, terminando em 2022, logo toda a teoria de conspiração em que foi fundamentada a sua palestra não tem o mínimo de nexo.


A última palestrante Sylvia Moretzsohn se recusou a pronunciar o nome do Coordenador do Movimento Brasil Livre Kim Kataguiri, referindo-se pejorativamente ao mesmo, criticou a âncora da Globo Renata Loprette ao dizer que  já ter sido muito boa mas “agora se transformou nisso aí”. Ou seja, pra Sylvia, opiniões e pessoas só tem valor se concordarem com ela. A palestrante inclusive disse que Sérgio Moro grampeou a Presidente Dilma, o que é uma falsa afirmação. Sérgio Moro solicitou a justiça que se grampeasse o telefone de Luiz Inácio Lula da Silva, cidadão comum e sem foro privilegiado, como eu e a doutora palestrante.



Sylvia chega a falar que a ética política é diferente da ética das relações pessoais. É lógico, a ética da política tem muito mais entes envolvidos do que nas relações pessoais. A ética da política envolve dinheiro tirado dos outros (muitas vezes de forma compulsória). Milhões de brasileiros que tiveram comida tirada das suas mesas, viagens de lazer ou para rever familiares desfeitas, deixaram de pagar uma escola ou comprar um livro para os filhos, tudo isso para sustentar o mesmo governo que hoje chama esses milhões de cidadãos de golpistas. A ética da política deveria s sim ser a ética das relações pessoais elevada a enésima potência em termos de honestidade e transparência. Aliás a própria escola de economia Austríaca, que a professora deve desconhecer, aonde todos os problemas macro e microeconômicos são estudados de formas inter-relacionadas.

Todos esses palestrantes nos fizeram refletir, não sobre o impedimento da presidente, até porque nenhum deles apresentou nenhum fato que descaracterizasse o descumprimento da lei de responsabilidade fiscal.
Todo esse festival de defesa do governo foi pago com dinheiro público.
É direito das faculdades públicas  gastarem dinheiro do contribuinte nesses eventos contra o suposto golpe que só eles enxergam?
É na educação que perpetua esse discurso que queremos investir?
São esses pensamentos que queremos ver defendidos no ambiente academico?
É esse tipo de “debate” de ideias hegemônicas que deve ser levado as universidades?

Nós do UFFLIVRE acreditamos que não.
E você?

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Escrito por: Pedro H.  Lemos, graduando em Administração Pública é Membro do UFFLIVRE
Revisão: Andre Reis, Advogado, Revisor e tradutor.